De repente a vida vai ficando
preto-e-branco, e as cores que aqui existiam, já não existem mais. De repente a
vida vai ficando amarga, e a alegria que aqui existia, já não existe mais. Quem
me dera poder voltar à minha infância e viver toda a minha lembrança, de voltar
de novo a ser criança, de dar vida às minhas cores.
O que era sério antes, percebo que era
brincadeira e, por incrível que pareça, é muito mais sério nos dias de hoje.
Lembro-me de brincar na sombra do pé-de-erva com meus carrinhos, brincar que era
dono de uma grande empresa e muito, mas muito rico, levava a sério a
brincadeira, ou melhor, brincadeira não, era minha realidade. Hoje, a vida não
é nada mais do que escura e sem graça, a alegria que outrora existiu raramente
aparece no meio desta correria. Se antes era tão fácil ter uma empresa, rios de
dinheiro e ser influente, hoje percebo que preferia ter ficado lá pelos meus 9
anos de idade, onde a vida era verde e tinha o doce gosto de mimosa.
Ah... quem me dera voltar ao que eu era na
totalidade da fórmula, sem compromisso, ou melhor, com uma reunião da minha
multinacional de vez em quando, sem cansaço, afinal podia descansar quando eu
quisesse na minha casa na beira do mar numa ilha só minha.
Percebo que crescer dói, cansa, exige. De tanta
dor, cansaço e exigências que ser adulto cobra, acabo por perder a cor da vida,
a alegria da vida, a vida da vida. Esqueço que um dia fui criança, mas que
ainda posso manter essa criança viva, feliz, colorida dentro de mim, tornando
minha vida mais cheia de amor para que eu possa viver com intensidade.
Ah... como dói crescer, mas como é prazeroso
me por a prova de tudo ao levantar da cama e por o pé no chão, largar a velha
mania de infância e correr atrás desses sonhos de verdade, mostrar para mim
mesmo que sou capaz, que posso sempre mais e mais me superar. Como é bom
acordar e ser a alegria que contagia meu caminho, a alegria que me impulsiona a
me desafiar. Como é bom passar o dia e ser a vida que minha vida precisa para
viver, ser capaz de por em prática os sonhos da minha alegria. Como é bom ir me
deitar e ver que mesmo na escuridão da noite eu, e somente eu, tenho a opção de
deixar meu dia colorido e mantê-lo assim mesmo depois de um dia cansativo, de
um dia em que a alegria me impulsionou a viver, mas, que minha vida não deu
conta de realizar. Deixa pra lá, o amanhã já está aí para eu por em prática
tudo de novo neste ciclo sem fim.
Minha vida se conformou, então, que já não
posso ser criança, mas que posso deixar viver o sapeca que existe hoje dentro
de mim, um sapeca que já foi livre para correr e, hoje fica prisioneiro de seu
próprio eu adulto que precisa viver.
É sapeca, creio que tá na hora de você
aprender a controlar suas brincadeiras, só te peço uma coisa, não cresce com
esse malandro não, ele precisa de você mais do que você dele.
Ah... quem me dera ser criança...
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