E de
repente em um piscar de olhos, alguma coisa muda, alguma coisa se transforma.
Os dias nos mostram a “loucura” que é viver, e o desespero que é crescer. Ser criança
parece ser a solução mais fácil, é uma constante busca para volta do Eu
anterior, um desejo de ser amado, de que as preocupações impostas pelo
princípio de realidade deixem de existir. Tudo o que acontece é uma alucinada
procura, de algo que sane uma angústia, essa coisa quem nem sabemos o que é e
nem como surge só queremos que passe. Viver exige viver, e é esse viver que aos
poucos nos levam a querer morrer, mas querer morrer é um processo da vida de
quem sabe viver. De repente torna-se difícil ser e estar. Ser feliz, estar
feliz, ser realizado, estar realizado, ser amado, estar amando; é sempre assim,
uma guerra interna, uma busca pela saciação, daquilo que é desconhecido, a qual
Freud tão brilhantemente chamou de desejo, e isso foge do nosso campo de
conhecimento.
Faz-se
necessário saber, que há dentro de cada ser humano uma guerra, mas também há um
guerreiro, e a guerra não é externa, ao contrário seu começo se dá dentro de
nossa mente, e nos aprisiona, e por mais que queiramos fugir, torna-se impossível
lutar com o que não se vê, com o que não se sabe, com aquilo que apenas se
sente, e é esse sentir, que nos aprisiona ou nos liberta, nos faz despertar, ou
dormir para sempre. A questão é como se sente, e o quanto esse sentir,
interfere no mundo externo. É preciso compreender a guerra para vencê-la, a
psicologia comportamental vai chamar isso de ressignificação, ou seja,
trabalhar métodos de libertação através de uma autoanálise, e fazer isso no
momento em que os “monstros” estão adormecidos, ou seja, durante a guerra o
mais importante é a diplomacia, ninguém vence uma batalha com mão armada, isso
se chama caos, para vencer é necessário compreender o que é essa guerra, é
preciso tornar-se parte dela, ser amigo dela, só quando a guerra deixa de ser inimiga
é que compreendemos, que ela é um paradoxo, pois faz vítimas e levanta heróis,
compreende-se que a guerra só é guerra por que Eu quero que seja guerra, do
contrário pode ser amor, ou ódio ou paz, eu escolho o que vai ser. De repente
em um piscar de olhos, alguma coisa muda.
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